Às vezes paro e fico pensando se alguém me ama em segredo, se alguém sente minha falta, se alguém não me acha alienígena ou algo do tipo, se alguém se importa. Se tivesse realmente eu me sentiria melhor, e também me sentiria mal porque sei o quanto dói amar alguém que nem sequer sabe que existimos.
Sinto tanta coisa e ao mesmo tempo sinto nada, é tudo tão estranho para mim, cresci distante das pessoas, não tive aquela infância, talvez isso me fez crescer mais, mas também me fez crescer mais triste, me fez desconfiar das pessoas e depositar total confiança nos animais, os únicos que estiveram comigo cem por cento. Ainda sim, com tanta confusão mental, sinto falta dos tempos que se foram, de quando todos viviam juntos, de quando eu era prioridade, agora cresci e muita coisa não mudou, continuo me sentindo sozinha, longe das pessoas, triste e depositando total confiança nos animais. Sinceramente, eu tento não me importar com isso, tento sorrir mesmo estando sozinha e tendo milhões de motivos pra chorar, confesso que não é tão fácil como pensei que fosse, mas pra quem era ingênua e nada sabia, estou me saindo melhor do que pensava, mas é naqueles momentos em que eu fico sentada sozinha observando as pessoas em silencio que eu sinto meus sentimentos desconhecidos vindo a tona, o vazio vai aumentando cada vez mais a ponto angustiante, e as lagrimas cada vez mais perto de rolarem meu rosto, é como se eu estivesse morta, como se eu fosse uma alucinação, como se eu não fosse real. Realmente é triste e desesperador, como num filme as pessoas vão e vem, dias se passam e eu ainda continuo ali, imóvel, muda e invisível.
Kelly Kristina Vieira